Foto: acervo do historiador Waldir Rued |
Imagem: acervo do professor e pesquisador
santista Francisco Carballa
Acervo José Carlos Silvares/Santos Ontem na rede social FaceBook
No século XIX até meados do século XX,
num Brasil já independente de Portugal, o café se tornou rapidamente na
principal fonte de riqueza. Foi o que se passou a chamar de Ciclo Econômico do
Café. Nesta época,ao contrário dos ciclos econômicos anteriores (ouro e
açúcar), grande parte da renda do café não mais ia para Portugal, mas ficava
por aqui mesmo. Foi assim que se formou o capital que a partir do século XX,
disparou o ciclo da industrialização em nosso País, que veio se firmando
crescentemente até os dias atuais. A principal fonte de renda que deu origem ao
capital para o desenvolvimento da nascente indústria brasileira veio da
produção e da exportação de café.
O dinheiro do café e
sua exportação pelo porto de Santos trouxe grandes investimentos na cidade,
levando a uma revolução urbana. Diversas ruas,praças, avenidas e edifícios
foram construídos. Cassinos e teatros foram abertos e a vida cultural e social
em Santos tornou-se bastante agitada. Um passeio pelo centro da Cidade pode dar
uma ideia muito rica da importância que o ciclo do café teve para o
desenvolvimento de Santos.
Bolsa do Café em Santos |
Na matéria anterior, vimos que os principais clubes sócio-recreativos de
Santos foram fundados por executivos e membros de empresas inglesas ligadas ao
comércio e exportação de café.
As exportações de café do Brasil encerraram o ano de 2011 com aumento no
volume embarcado e no faturamento. A receita cambial
com exportação de café registrou recorde de US$ 8,706 bilhões em
2011, representando elevação de 53,6% em relação a 2010. Já o volume exportado
apresentou aumento de 1,3% em relação ao ano anterior, alcançando 33,455
milhões de sacas de 60 quilos. Em 2010 foram embarcadas 33,03 milhões de sacas.
Segundo o balanço, os
Estados Unidos lideram a lista de países importadores, com 7,30 milhões de
sacas (22% do total exportado), seguido pela Alemanha, com 6,23 milhões de
sacas (18% do total), e Itália, com 2,69 milhões de sacas (8%). No quarto lugar
está o Japão, com 2,59 milhões de sacas (8% do total).
Os embarques de café
em 2011 foram realizados principalmente pelo Porto de Santos (77,2% do total,
ou 25,83 milhões de sacas), Porto de Vitória (14,5%, ou 4,86 milhões de sacas)
e pelo Porto do Rio de Janeiro (6,2%, ou 2,06 milhões de sacas).
Volume em sacas de 60 Kg / Receita em mil US$ / Preço Médio em US$ por
saca
A produção de café no
Brasil é responsável por cerca de um terço da produção mundial de
café o que faz o país ser de longe o maior produtor - uma posição mantida
nos últimos 150 anos. Apesar de o Brasil ser o maior produtor
mundial, o mercado global não é dominado por empresas brasileiras. O mercado
doméstico de café é dominado por duas empresas americanas Sara Lee e Kraft
Foods.
O MUNDO BEBE CAFÉ
Uma saborosa viagem por países e culturas diversas, em uma xícara de
café.
Um milenar e delicioso ingrediente. Diferentes culturas, tradições e
paladares, diferentes aromas e sabores. Influenciado por antigas tradições ou
hábitos modernos, por diferenças no preparo, tipo do café, ingredientes
adicionais ou acompanhamentos, melado ou amargo, pouco importa. Cada povo
encontra sua justificativa e maneira singular de apreciar o velho e bom café.
No Brasil, como em outros países, o hábito de tomar café tem muitas
vezes um caráter "ritualístico". Uns tomam para relaxar, outros para
se manter acordados e ativos, alguns para fazer uma pausa no trabalho.
Autêntico companheiro de conversas, o café é também um forte aglutinador
social, usado sempre como pretexto para uma reunião. Mais forte, mais suave,
instantâneo, expresso, orgânico, descafeinado, gourmet.
Há mais de 750 anos
surgiu o habito de tomar café. Muito se discute, mas não se sabe ao
certo onde, nem quando – exatamente – surgiu esse habito, mas hoje é um costume
da maioria das pessoas tomar café pela manhã, já que o mesmo trás disposição
para todo o dia, pois é difícil encontrar quem não goste de um cafezinho feito
na hora. Com açúcar ou adoçante, ele é sempre muito bem vindo pelos amantes
dessa bebida.
O hábito de tomar café foi desenvolvido na cultura árabe. No início, o
café era conhecido apenas por suas propriedades estimulantes e a fruta era
consumida fresca, sendo utilizada para alimentar e estimular os rebanhos
durante viagens. Com o tempo, o café começou a ser macerado e misturado com
gordura animal para facilitar seu consumo durante as viagens.
Em 1000 D.C., os
árabes começaram a preparar uma infusão com as cerejas, fervendo-as em água.
Somente no século XIV, o processo de torrefação foi desenvolvido, e finalmente
a bebida adquiriu um aspecto mais parecido com o dos dias de hoje.
A
cultura do café
Fui um
produtor apaixonado de café por mais de 25 anos, de 1982 a 2007 na Fazenda
Solange em Santa Cruz do Rio Pardo.
Meu
avô paterno, Ataliba dos Santos Baptista também foi um produtor apaixonado de
café na fazenda Armandina, em Bela Vista do Paraíso e Fazenda Sertão Novo, em
Cruzeiro do Oeste, no estado do Paraná e também na Fazenda Solange em Santa
Cruz do Rio Pardo.
Existem
duas espécies de cafeeiro : o arábica,Coffea arábica, que produz um café de de
melhor qualidade e o robusta(ou conillon), Coffea canephora, com pés e
produção bem maiores que o arábica, mas de menor valor econômico por ser de
qualidade inferior.
O
cafeeiro não é nativo das Américas e sim das estepes da Etiópia.
Em 1712 Francisco de
Melo Palheta trouxe mudas de café das Guianas Francesas e as primeiras foram
plantadas no estado do Pará.
Foto Sergio P. Pereira Ufla e Carlos Henrique S. Carvalho Embrapa Café
O Brasil, maior produtor
e exportador mundial de café, e segundo maior consumidor do produto, apresenta,
atualmente, um parque cafeeiro estimado em 2,3 milhões de hectares. São cerca
de 287 mil produtores que, fazendo parte de associações e cooperativas,
distribuem-se em 15 Estados: Acre, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás,
Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo.
Os
principais estados produtores de café no Brasil são Minas Gerais, São Paulo,
Espírito Santo e Paraná. Em segundo plano, estão Rondônia e Bahia.
O cafeeiro é cultivado em altitudes que variam de
400 a 1200 metros. Com relação aos solos de Cerrado, estes devem apresentar
profundidade mínima de 1 metro, serem bem drenados e não muito arenosos.No
preparo do terreno todas as operações necessárias são realizadas (aração,
gradagem, subsolagem, marcação das ruas, abertura das covas e plantio).
As principais variedades de café arábica são Mundo
Novo, Catuai Amarelo e Vermelho e Bourbon Amarelo e Vermelho.
Foto Divulgação Incaper
O café
deve ser colhido quando os frutos estão maduros (coloração vermelha ou amarela
de acordo com a variedade) e depois levados para os terreiros, onde após a
lavagem e separação dos grãos maduros, verdes e secos, são secados ao sol, com
um processo manual e gradativo, mexendo sempre com rastelos apropriados. Depois
são levados para secadores onde o processo final de secagem e uniformização são
completados.
Fotos Anisio Diniz
Embrapa Café e Sergio P. Pereira Ufla
Depois de colhido o café
é provado por técnicos degustadores e classificados de acordo com sua bebida:
Bebida
estritamente mole
Considerada
a melhor bebida do café, apresenta aroma muito agradável, é intensamente suave
e bastante doce, podendo ser ingerida naturalmente sem adição de açúcar.
Bebida mole
Esta apresenta as mesmas características da bebida estritamente mole, só que a
suavidade e a doçura são menos intensas.
Bebida apenas mole
Apresenta pouca suavidade e doçura; percebe-se leve adstringência no fundo.
Bebida dura
Apresenta
um travo na língua, transmitindo uma sensação de secura e aspereza na boca,
como se tivéssemos comendo uma fruta verde com cica.
Ainda
dentro da espécie coffea arabica, temos as bebidas fenicadas de sabores químico
medicinal enquadradas como do grupo II:
Riada
Apresenta um leve aroma e sabor químico medicinal, que lembra gosto de remédio.
Rio
Tem aroma e sabor químico medicinal mais acentuados que a bebida riada.
Rio zona
O
aroma e o sabor químico medicinal dessa bebida são muito fortes, podendo ser
percebidos com muita facilidade.
Podemos
concluir que as bebidas riada, rio e rio zona têm o mesmo aroma e sabor,
estando a diferença entre elas associada à intensidade dessas características
em cada uma das bebidas.
Característica
e sabor do café da espécie coffea canephora – café robusta/conillon:
Esse
café apresenta um gosto rústico característico e sui generis que se assemelha
ao aroma e gosto do milho torrado. Atualmente, os degustadores vêm adotando
três faixas de avaliações para essa bebida.
Muito
leve gosto do conilon (bebida neutra)
Quando
o gosto do conilon é quase imperceptível ao paladar, considerado bebida neutra,
não sofrendo influência no sabor dos defeitos ou outro gosto estranho, a bebida
do conilon é considerada como de excelente qualidade.
Médio gosto do
conilon
A classificado nessa faixa é realizada quando começa a ocorrer influência dos
defeitos na bebida. Dessa forma, o gosto do conilon fica mais acentuado, sendo
considerado como de média qualidade.
Forte gosto do conilon
Quando a bebida
apresenta acentuado gosto dos defeitos e o sabor do conilon fica muito forte e
muito amargo, é considerada de pior qualidade.
Fontes:
Manual
do Professor - O Porto de Santos e a História do Brasil http://www.grupoescolar.com/pesquisa/ciclo-do-cafe--historia-do-brasil.html
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