quinta-feira, 20 de junho de 2013

O clamor público

Passeatas e protestos acontecem em todo o Brasil. Desde as grandes capitais e até em cidades pequenas do interior, cresce a cada dia a participação popular a um movimento que foi iniciado por jovens em protesto contra o aumento do valor das passagens do transporte urbano em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Esta sendo como uma onda crescente e a cada momento aumenta o numero de protestos.
Embora com predominância pacífica, vários tumultos e cenas de guerra aconteceram entre a policia e os manifestantes.
Apesar da grande maioria participar e protestar em paz, existem grupos agindo com extrema violência em ataques de destruição do patrimônio publico e privado.
Uma primeira vitória foi conseguida com a revogação dos aumentos das tarifas nos transportes.
Mas as passeatas continuam aumentando, com várias bandeiras de protestos: abaixo a corrupção, mais hospitais e melhoria do atendimento, e outras causas sociais.
Ainda é cedo para se avaliar o que acontecerá e até onde irão os protestos no Brasil.
Multidões cada vez maiores estão invadindo todas as avenidas e praças de quase todas as cidades brasileiras. Também estradas e acessos importantes estão sendo alvo das manifestações como a Rodovia Castelo Branco e a Via Anchieta em São Paulo.
Trata-se de um movimento popular que não está permitindo a participação de partidos políticos.
Grandes clamores populares aconteceram no mundo. Desde a Revolução Francesa, movimentos populares mudaram o curso da história e o rumo dos Países e da vida humana.
Vamos acompanhar e verificar o que acontecerá no Brasil em 2.013.

Revolução Francesa é o nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de maio de 1.789 e 9 de novembro de 1.7991 , alteraram o quadro político e social da França. Ela começa com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de estado do 18 de brumário de Napoleão Bonaparte. Em causa estavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e os privilégios do clero e da nobreza. Foi influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1.776). Está entre as maiores revoluções da história da humanidade.
A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de Jean-Jacques Rousseau. Para a França, abriu-se em 1.789 o longo período de convulsões políticas do século XIX, fazendo-a passar por várias repúblicas, uma ditadura, uma monarquia constitucional e dois impérios.
As causas da revolução francesa são remotas e imediatas. Entre as do primeiro grupo, há de considerar que a França passava por um período de crise financeira. A participação francesa na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, a participação (e derrota) na Guerra dos Sete Anos, os elevados custos da Corte de Luís XVI, tinham deixado as finanças do país em mau estado.
Os votos eram atribuídos por ordem (1- clero, 2- nobreza, 3- Terceiro Estado) e não por cabeça. Havia grandes injustiças entre as antigas ordens e ficava sempre o Terceiro Estado prejudicado com a aprovação das leis.
Os chamados Privilegiados estavam isentos de impostos, e apenas uma ordem sustentava o país, deixando obviamente a balança comercial negativa ante os elevados custos das sucessivas guerras, altos encargos públicos e os supérfluos gastos da corte do rei Luís XVI.
O rei Luís XVI acaba por convidar o Conde Turgot para gerir os destinos do país como ministro e implementar profundas reformas sociais e econômicas.
Sociais
O Terceiro-Estado carregando o Primeiro e o Segundo Estados nas costas.
A sociedade francesa da segunda metade do século XVIII possuía dois grupos muito privilegiados:
o Clero ou Primeiro Estado, composto pelo Alto Clero, que representava 0,5% da população francesa, era identificado com a nobreza e negava reformas, e pelo Baixo Clero, identificado com o povo, e que as reclamava;
a Nobreza, ou Segundo Estado, composta por uma camada palaciana ou cortesã, que sobrevivia à custa do Estado, por uma camada provincial, que se mantinha com as rendas dos feudos, e uma camada chamada Nobreza Togada, em que alguns juízes e altos funcionários burgueses adquiriram os seus títulos e cargos, transmissíveis aos herdeiros. Aproximava-se de 1,5% dos habitantes.
Esses dois grupos (ou Estados) oprimiam e exploravam o Terceiro Estado, constituído por burgueses, camponeses sem terra e os "sans-culottes", uma camada heterogênea composta por artesãos, aprendizes e proletários, que tinham este nome graças às calças simples que usavam, diferentes dos tecidos caros utilizados pelos nobres. Os impostos e contribuições para o Estado, o clero e a nobreza incidiam sobre o Terceiro Estado, uma vez que os dois últimos não só tinham isenção tributária como ainda usufruíam do tesouro real por meio de pensões e cargos públicos.


A França ainda tinha grandes características feudais: 80% de sua economia era agrícola. Quando uma grande escassez de alimentos ocorreu devido a uma onda de frio na região, a população foi obrigada a mudar-se para as cidades e lá, nas fábricas, era constantemente explorada e a cada ano tornava-se mais miserável. Vivia à base de pão preto e em casas de péssimas condições, sem saneamento básico e vulneráveis a muitas doenças.
A reavaliação das bases jurídicas do Antigo Regime foi montada à luz do pensamento Iluminista, representado por Voltaire, Diderot, Montesquieu, John Locke, Immanuel Kant etc. Eles forneceram pensamentos para criticar as estruturas políticas e sociais absolutistas e sugeriram a ideia de uma maneira de conduzir liberal burguesa. A situação social era tão grave e o nível de insatisfação popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia comandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucionários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14 de Julho de 1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa.
Econômicas
A causa mais forte de Revolução foi a econômica, já que as causas sociais, como de costume, não conseguem ser ouvidas por si sós. Os historiadores sugerem o ano de 1.789 como o início da Revolução Francesa. Mas esta, por uma das "ironias" da história, começou dois anos antes, com uma reação dos notáveis franceses - clérigos e nobres - contra o absolutismo, tendo sido inspirada em ideias iluministas, e se pretendia reformar e para isso buscava limitar seus privilégios. Luís XVI convocou a nobreza e o clero para contribuírem no pagamento de impostos, na altamente aristocrática Assembleia dos Notáveis (1.787).
No meio do caos econômico e do descontentamento geral, Luís XVI da França não conseguiu promover reformas tributárias, impedido pela nobreza e pelo clero, que não "queriam dar os anéis para salvar os dedos". Não percebendo que seus privilégios dependiam do Absolutismo, os notáveis pediram ajuda à burguesia para lutar contra o poder real - era a Revolta da Aristocracia ou dos Notáveis (1787-1789). Eles iniciaram a revolta ao exigir a convocação dos Estados Gerais para votar o projeto de reformas.
Jacques Necker.
Por sugestão do Ministro dos assuntos econômicos à época, Jacques Necker, o rei Luís XVI convocou a Assembléia dos Estados Gerais, instituição que não era reunida desde 1614. Os Estados Gerais reuniram-se em maio de 1789 no Palácio de Versalhes, com o objetivo de acalmar uma revolução de que já falava a burguesia.
As causas econômicas também eram estruturais. As riquezas eram mal distribuídas; a crise produtiva manufatureira estava ligada ao sistema corporativo, que fixava quantidade e condições de produtividade. Isso descontentou a burguesia.
Outro fator econômico foi a crise agrícola, que ocorreu graças ao aumento populacional. Entre 1.715 e 1.789, a população francesa cresceu consideravelmente, entre 8 e 9 milhões de habitantes. Como a quantidade de alimentos produzida era insuficiente e as geadas abatiam a produção alimentícia, o fantasma da fome pairou sobre os franceses.
Política
Em fevereiro de 1.787, o ministro das finanças, Loménie de Brienne, submeteu a uma Assembleia de Notáveis, escolhidos de entre a nobreza, clero, burguesia e burocracia, um projeto que incluía o lançamento de um novo imposto sobre a propriedade da nobreza e do clero. Esta Assembleia não aprovou o novo imposto, pedindo que o rei Luís XVI convocasse os Estados-Gerais.
Em 8 de agosto, o rei concordou, convocando os Estados Gerais para maio de 1789. Fazendo parte dos trabalhos preparatórios da reunião dos Estados Gerais, começaram a ser escritos os tradicionais cahiers de doléances, onde se registraram as queixas das três ordens.
O Parlamento de Paris proclama então que os Estados Gerais se deveriam reunir de acordo com as regras observadas na sua última reunião, em 1.614. Aproveitando a lembrança, o Clube dos Trinta começa imediatamente a lançar panfletos defendendo o voto individual inorgânico - "um homem, um voto" - e a duplicação dos representantes do Terceiro Estado.
Várias reuniões de Assembleias provinciais, como em Grenoble, já o haviam feito. Jacques Necker, de novo ministro das finanças, manifesta a sua concordância com a duplicação dos representantes do Terceiro Estado, deixando para as reuniões dos Estados a decisão quanto ao modo de votação – orgânico (pelas ordens) ou inorgânico (por cabeça). Serão eleitos 291 deputados para a reunião do Primeiro Estado (Clero), 270 para a do Segundo Estado (Nobreza), e 578 deputados para a reunião do Terceiro Estado (burguesia e pequenos proprietários).
Entretanto, multiplicam-se os panfletos, surgindo nobres como o conde d'Antraigues, e clérigos como o bispo Sieyès, a defender que o Terceiro estado era todo o Estado. Escrevia o bispo Sieyès, em janeiro de 1.779: “O que é o terceiro estado? Tudo. O que é que tem sido até agora na ordem política? Nada. O que é que pede? Tornar-se alguma coisa”.
A reunião dos Estados Gerais, como previsto, vai iniciar-se em Versalhes no dia 5 de maio de 1.789.
A Revolução
A Revolução Francesa pode ser subdividida em quatro períodos: a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa, a Convenção e o Diretório.
O período da Assembleia Constituinte decorre de 9 de julho de 1.789 a 30 de setembro de 1.791. As primeiras ações dos revolucionários deram-se quando, em 17 de junho, a reunião do Terceiro Estado se proclamou "Assembléia Nacional" e, pouco depois, "Assembléia Nacional Constituinte". Em 12 de julho, começam os motins em Paris, culminando em 14 de julho com a tomada da prisão da Bastilha, símbolo do poder real e depósito de armas. Sob proposta de dois aristocratas, o visconde de Noailles e do duque de Aiguillon, a Assembleia suprime todos os privilégios das comunidades e das pessoas, as imunidades provinciais e municipais, as banalidades, e os direitos feudais.



Pouco depois, aprovava-se a solene "Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão", contudo a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, não foi aprovada pela mesma Assembléia e a idealizadora, Olympe de Gouges, foi executada.
O lema dos revolucionários era "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", mas logo em 14 de junho de 1.791, se aprovou a Lei de Le Chapelier que proibia os sindicatos de trabalhadores e as greves, com penas que podiam ir até à pena de morte. Em 19 de abril de 1.791, o Estado nacionaliza e passa a administrar todos os bens da Igreja Católica, sendo aprovada em julho a Constituição Civil do Clero, por intermédio da qual os padres católicos passam a ser funcionários públicos.




A Revolução Francesa semeou uma nova ideologia na Europa, conduziu a guerras, acabando por ser derrotada pela instalação do Império e, depois da derrota de Napoleão Bonaparte, pelo retorno a uma Monarquia na qual o rei Luís XVIII vai outorgar uma Carta Constitucional.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa


Em Maio de 1.968 (mais referido como Maio de 68) uma greve geral estala em França. Rapidamente adquire significado e proporções revolucionárias, mas é desencorajada pelo Partido Comunista Francês, de orientação Stalinista, e finalmente suprimida pelo governo, que acusa os Comunistas de tramarem contra a República.
Alguns filósofos e historiadores afirmaram que essa rebelião foi o acontecimento revolucionário mais importante do século XX, porque não se deveu a uma camada restrita da população, como trabalhadores ou minorias, mas a uma insurreição popular que superou barreiras étnicas, culturais, de idade e de classe.
Começou como uma série de greves estudantis que irromperam em algumas universidades e escolas de ensino secundário em Paris, após confrontos com a administração e a polícia. A tentativa do governo gaullista de esmagar essas greves com mais ações policiais no Quartier Latin levou a uma escalada do conflito que culminou numa greve geral de estudantes e em greves com ocupações de fábricas em toda a França, às quais aderiram dez milhões de trabalhadores, aproximadamente dois terços dos trabalhadores franceses. Os protestos chegaram ao ponto de levar o general de Gaulle a criar um quartel general de operações militares para obstar à insurreição, dissolver a Assembléia Nacional e marcar eleições parlamentares para 23 de Junho de 1.968.
O governo estava em vias de colapso (de Gaulle chegou a refugiar-se temporariamente numa base da força aérea na Alemanha), mas a situação revolucionária dissipou-se quase tão rapidamente quanto havia surgido. Os operários voltaram ao trabalho, seguindo a direção da Confédération Générale du Travail, a federação sindical de esquerda, e do Partido Comunista Francês (PCF). Após as eleições, em Junho, o partido Gaullista emergiu ainda mais poderoso do que antes.
A maioria dos insurretos eram adeptos de idéias esquerdistas, comunistas ou anarquistas. Muitos viam os eventos como uma oportunidade para sacudir os valores da "velha sociedade", contrapondo idéias avançadas sobre a educação, a sexualidade e o prazer. Entre eles, uma pequena minoria, como o Occident, professava idéias de direita.
Um filme de Bernardo Bertolucci, Os Sonhadores, narra a história de três jovens que, durante o Maio de 1968, vêem a revolução acontecer pela janela do quarto. No extras de um DVD do filme há um documentário sobre a época.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maio_de_1968

A Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi o nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade brasileira em resposta ao comício realizado no Rio de Janeiro em 13 de março de 1.964, durante o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa de reformas de base. Congregou meio milhão de pessoas em repúdio ao Presidente João Goulart e ao regime comunista vigente em outros países.
A primeira dessas manifestações ocorreu em São Paulo, a 19 de março, no dia de São José, padroeiro da família. Articulada pelo deputado Antônio Sílvio da Cunha Bueno juntamente com o padre irlandês Patrick Peyton, nascido no Condado de Mayo, Irlanda, em 9 de janeiro de 1.909, fundador do Movimento da Cruzada do Rosário pela Família e ex-capelão estadunidense, com o apoio do governador Ademar de Barros, que se fez representar no trabalho de convocação por sua mulher, Leonor Mendes de Barros, organizada pela União Cívica Feminina e pela Campanha da Mulher pela Democracia, patrocinadas pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, o IPES.
Setores conservadores da sociedade como a Igreja mobilizaram pessoas para a primeira Marcha da Família com Deus Pela Liberdade. Dela participaram quinhentas mil pessoas no dia 19 de Março de 1.964.
A massa humana saiu da Praça da República, seguindo pela Rua Barão de Itapetininga, atravessando o Viaduto do Chá, para chegando à Praça da Sé ser rezada uma missa pela Democracia, pelo padre Irlandês Patrick Peyton, no Brasil a convite da Igreja e, em especial, do Cardeal Jaime de Barros Câmara, da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Em 2 de abril de 1.964 cerca de um milhão de pessoas participaram da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, no Estado da Guanabara.
O clero dividido
Por ser a maior comunidade católica das Américas, a maneira encontrada para fazer o povo se mobilizar no Brasil seria naturalmente pela religião, que foi usada pelos dois grupos, um se utilizando da "fé, da tradição e da moral", outro da "libertação, da solidariedade e da igualdade".
O temor ao avanço comunista

Alguns setores da sociedade conheciam a disputa ideológica que estava em trâmite no Brasil, entre comunistas e conservadores.
A publicidade e a religião
O slogan utilizado pelos publicitários do movimento da Cruzada do Rosário pela Família, criada pelo padre irlandês, foi: "A família que reza unida permanece unida".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcha_da_Fam%C3%ADlia_com_Deus_pela_Liberdade

Luta contra a ditadura militar marca movimento estudantil no Brasil em 1.968

WANDERLEY PREITE SOBRINHO
Colaboração para a Folha Online
O ano de 1.968 é lembrado no mundo todo por suas revoluções. Enquanto o resto do globo era sacudido por um levante juvenil, o Brasil via o presidente Costa e Silva aumentar a repressão contra seus opositores, especialmente o movimento estudantil.
Passeata dos Cem Mil, como ficou conhecido o ato, reuniu multidão contra a ditadura
"O engajamento era maior entre os jovens. E, nesse caso, grande parte era formada por estudantes", explica a historiadora Maria Aparecida de Aquino, professora a USP (Universidade de São Paulo). 
A atividade política nas universidades já acontecia antes mesmo do golpe de 1.964.
Um ano antes, José Serra foi interrogado na CPI sobre a UNE (União Nacional dos Estudantes). A entidade que ele presidia era acusada de subversão e de receber financiamento da então União Soviética.
"Foram dois dias de interrogatórios. Aos 21, enfrentei parlamentares experientes que só queriam garantir manchetes escandalosas na imprensa", diz o atual governador tucano de São Paulo.
Mas foi com o aumento das restrições aos direitos civis, em 1.968, que os estudantes deixaram os centros acadêmicos e foram participar de protestos ou mesmo pegar em armas.
José Dirceu em 1.968. Ele diz que ocupava a cabeça com leitura, quando ficou preso

"Nós também lutávamos pela universalização do ensino público, reforma no ensino médio e investimento em pesquisa científica", diz o ex-ministro José Dirceu, eleito presidente da UNE, em 1.967. "A oposição ao regime militar foi conseqüência dessas atividades políticas."
As tensões daquele ano começaram no dia 28 de março quando o estudante Edson Luiz de Lima Souto foi morto aos 16 anos pela polícia enquanto almoçava em um restaurante universitário no Rio de Janeiro. O enterro foi acompanhado por cerca de 50 mil pessoas.


No dia 26 de junho de 1.968 o Brasil presenciou outro momento histórico: 100 mil pessoas protestaram pelas ruas do Rio de Janeiro contra a repressão e a censura. A marcha ficou conhecida como a Passeata do Cem Mil.
Um dos momentos mais tensos aconteceu no dia 12 de outubro daquele ano. Na cidade de Ibiúna, interior paulista, a polícia invadiu o 30º congresso da UNE e prendeu cerca de 800 pessoas. "A UNE estava proibida de atuar desde abril de 1.964", diz a historiadora.
Aquele era o terceiro congresso clandestino promovido pelo movimento. "Antes, promovemos um em Vinhedo(interior de São Paulo) e outro em Belo Horizonte", afirma Dirceu.
Ele diz que a cúpula da UNE colocou informantes para avisar sobre a possível aproximação dos militares. "Tínhamos um a cada dois quilômetros", diz. "Nós sabíamos que a polícia estava se aproximando, mas não poderíamos fugir e deixar os estudantes."
Os alunos acabaram soltos no decorrer dos dias por força de habeas corpus, mas José Dirceu, Antônio Ribas, Luiz Travassos e Vladimir Palmeira continuaram presos.
"Na cadeia, eu tentava ocupar a cabeça estudando, fazendo ginástica e conspirando para fugir", afirma o ex-ministro. "A gente tentava conseguir jornal ou ouvir rádio para manter contato com o exterior."
As coisas não melhorariam com o discurso do deputado federal pelo MDB, Márcio Moreira Alves, no dia 3 de setembro. Na tribuna da Câmara, ele criticou a ditadura e, irônico, aconselhou as mulheres a não dançarem com militares.
Outra tensão toma conta do movimento estudantil um mês depois. Foi a "Batalha da Maria Antônia", o nome da rua em que o aluno secundarista José Carlos Guimarães, 20, foi assassinado com um tiro na cabeça no confronto que colocou de lados opostos os estudantes da Universidade Mackenzie e os alunos do curso de Filosofia da USP.
"Foi uma luta simbólica", diz a historiadora. 'Os estudantes do Mackenzie representavam a direita, enquanto os da USP seriam a esquerda."
Quando o habeas corpus de Dirceu foi finalmente expedido, Costa e Silva baixou o AI-5 (Ato Institucional nº 5) no dia 13 de dezembro, e ele permaneceu preso por mais 11 meses.
Ele e outros 15 presos políticos só foram soltos em setembro de 1.969, depois que o grupo guerrilheiro MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) sequestrou o embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, e exigiu a liberação desses presos como moeda de troca.
A condição dos militares era que eles fossem banidos para o México. "Fiquei uma semana por lá e fui para Cuba passar por treinamento militar", afirma Dirceu.
Foi com o AI-5 e o fechamento do Congresso que muitos estudantes decidiram aderir à luta armada nos anos seguintes. Além do MR-8, havia organizações como ALN (Ação de Libertação Nacional) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária).
Mas já no início dos anos 1.970, a ditadura acaba com as guerrilhas, o que obriga os estudantes a mudar de métodos. "Alguns preferiram atuar em movimentos de bairro, ou sairam em defesa do voto nulo, enquanto outros se uniram ao MDB", afirma a professora.
Mesmo essa atuação era bastante perigosa. "A infiltração de informantes do governo nas faculdades era muito freqüente principalmente entre 1.971 e 1.974", diz.
"Quando voltei do exílio, em 1.978, a política no Brasil havia empobrecido", afirma Serra. "Entre os jovens de minha geração, grande parte se desinteressou da política, enquanto outros foram exilados, presos ou mortos."
Mundo
A luta por liberdade não foi exclusividade dos jovens brasileiros. No resto do mundo, os direitos humanos estavam na ordem do dia.
A guerra do Vietnã provocou uma onda de protestos nos Estados Unidos. Em Praga, reformistas do Partido Comunista tentaram, sem sucesso, romper com a União Soviética, enquanto na França uma greve geral mobilizou o país.
"Aquela era a juventude do pós-guerra", diz a professora. "Eles eram engajados, românticos, queriam mudar o mundo."
Para Dirceu, "também havia um choque de cultura e idéias". "No Brasil, as estruturas de poder eram rurais, mas o país já era urbano."
Quarenta anos depois, o movimento estudantil enfrenta desafios muito diferentes. "Hoje os estudantes não têm os cacoetes do passado, como a guerra e a vinculação política", diz a historiadora.
Para Dirceu, o momento permite outras formas de protesto. "Além de política, os estudantes podem optar por uma agenda cultural ou ambiental porque já vivemos em um país democrático."

Sobre a ocupação da reitoria da USP por parte dos estudantes no ano passado, ele diz que houve excessos. "A ocupação deve servir como meio de negociar, portanto é fundamental preservar as instalações públicas, o que não aconteceu", diz. "Quando um protesto se transforma no fim e não no meio, ele acaba esvaziado."
http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u383111.shtml

Diretas Já foi um movimento civil de reivindicação por eleições presidenciais diretas no Brasil ocorrido em 1.983-1.984. A possibilidade de eleições diretas para a Presidência da República no Brasil se concretizou com a votação da proposta de Emenda Constitucional Dante de Oliveira pelo Congresso. Entretanto, a Proposta de Emenda Constitucional foi rejeitada, frustrando a sociedade brasileira. Ainda assim, os adeptos do movimento conquistaram uma vitória parcial em janeiro do ano seguinte quando Tancredo Neves foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral.

A ideia de criar um movimento a favor de eleições diretas foi lançada em 1.983, pelo então senador Teotônio Vilela no programa Canal Livre da TV Bandeirantes.
Passeata no centro de São Paulo, em 16 de abril de 1.984. Foto: Jorge H. Singh.
A primeira manifestação pública a favor de eleições diretas ocorreu no recém emancipado município de Abreu e Lima, em Pernambuco, no dia 31 de março de 1.983. Organizada por membros do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) no município, a manifestação foi noticiada pelos jornais do estado. Foi seguida por manifestações em Goiânia, em 15 de junho de 1.983 e em Curitiba em novembro do mesmo ano.
Posteriormente, ocorreu também uma manifestação na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, no dia 27 de novembro de 1.983 na cidade de São Paulo. Com o crescimento do movimento, que coincidiu com o agravamento da crise econômica (em que coexistiam inflação, fechando o ano de 1.983 com uma taxa de 239%, e uma profunda recessão), houve a mobilização de entidades de classe e de sindicatos. A manifestação contou com representantes de diversas correntes políticas e de pensamento, unidas pelo desejo de eleições diretas para presidente da República.


A repressão aumenta, mas o movimento pela liberdade não retrocede e os democratas intensificam as manifestações por eleições diretas. Na televisão, o general Figueiredo classificava como 'subversivos' os protestos que começavam a acontecer em todo o país.
No ano seguinte, o movimento ganhou massa crítica e reuniu condições para se mobilizar abertamente.
E foi em São Paulo que a investida democrata ganhou força com um evento realizado no Vale do Anhangabaú, no Centro da Capital, em pleno aniversário da cidade de São Paulo – dia 25 de janeiro. Mais de 1,5 milhão de pessoas se reuniram para declarar apoio ao Movimento das Diretas Já. O ato é liderado por Tancredo Neves, Franco Montoro, Orestes Quércia, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Luiz Inácio Lula da Silva e Pedro Simon, além de outros artistas e intelectuais engajados pela causa.
A essa altura, a perda de prestígio do regime militar junto à população era grande. Militares de baixo escalão, com seus salários corroídos pela inflação, começavam a pressionar seus comandantes - que também estavam descontentes.

O movimento agregou diversos setores da sociedade brasileira. Participaram inúmeros partidos políticos de oposição ao regime ditatorial, além de lideranças sindicais, civis, artísticas, estudantes e jornalísticas. Dentre os políticos, destacaram-se Tancredo Neves, Leonel Brizola, Miguel Arraes, José Richa, Ulysses Guimarães, André Franco Montoro, Dante de Oliveira, Mário Covas, Gérson Camata, Orestes Quércia, Carlos Bandeirense Mirandópolis, Luiz Inácio Lula da Silva, Eduardo Suplicy, Roberto Freire, Luís Carlos Prestes, Fernando Henrique Cardoso, Vander Ramos, Marcos Freire, Fernando Lyra, Jarbas Vasconcelos e dentre personalidades em geral destacaram-se Sócrates (futebolista), Christiane Torloni, Mário Lago, Gianfrancesco Guarnieri, Fafá de Belém, Chico Buarque, Martinho da Vila, Osmar Santos, Juca Kfouri entre outros.
Eleito pelo PMDB em 1982 e empossado em 1º de fevereiro de 1.983, o deputado federal Dante de Oliveira empenhou-se em coletar as assinaturas para apresentar o projeto de emenda constitucional que estabelecia eleições diretas (170 assinaturas de deputados e 23 de senadores). No dia 2 de março de 1.983 finalmente apresentou a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n° 5.3




Em 25 de abril de 1.984, sob grande expectativa dos brasileiros, a emenda das eleições diretas foi votada, obtendo 298 votos a favor, 65 contra e 3 abstenções. Devido a uma manobra de políticos aliados ao regime, não compareceram 112 deputados ao plenário da Câmara dos Deputados no dia da votação.3 A emenda foi rejeitada por não alcançar o número mínimo de votos para a sua aprovação.
Para reprimir as manifestações populares, durante o mês de abril de 1.984, o então presidente João Figueiredo aumentou a censura sobre a imprensa e ordenou prisões. Houve violência policial. Apesar da rejeição da Emenda Dante de Oliveira na Câmara dos Deputados, o movimento pelas "Diretas Já" teve grande importância na redemocratização do Brasil. Suas lideranças passaram a formar a nova elite política brasileira. O processo de redemocratização termina com a volta do poder civil em 1.985, com a aprovação de uma nova Constituição Federal em 1.988 e com a realização das eleições diretas para Presidente da República em 1.989.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Diretas_J%C3%A1

Caras-pintadas foi um movimento estudantil brasileiro realizado no decorrer do ano de 1.992 e tinha como objetivo principal o impeachment do Presidente do Brasil Fernando Collor de Melo e sua retirada do posto. O movimento baseou-se nas denúncias de corrupção que pesaram contra o presidente e ainda em suas medidas econômicas, e contou com milhares de jovens em todo o país. O nome "caras-pintadas" referiu-se à principal forma de expressão, símbolo do movimento: as cores verde e amarelo pintadas no rosto.

As origens do movimento remontam ao final da década de 1.980 e início da década de 1.990, época em que os estudantes brasileiros, representados pela UNE e pela UBES, tiveram grande protagonismo nas lutas sociais do país. Tal protagonismo deveu-se, sobretudo, às campanhas pela conquista do passe livre nos transportes e da meia entrada nos cinemas, no âmbito da aprovação da lei orgânica dos municípios, consequência da promulgação recente da Constituição brasileira de 1.988.
O então presidente Fernando Collor de Mello havia chegado ao poder, em 1.990, sob muitas críticas devido às interferências de grandes organizações empresariais na campanha presidencial. As frentes políticas, lideradas pelo PT e seu candidato derrotado nas eleições (Lula), alegaram na época que os resultados eleitorais foram fruto de manipulação da opinião pública, com participação inclusive e principalmente da Rede Globo de Televisão.
No desenrolar do governo, o presidente Fernando Collor tomou diversas medidas de caráter antiinflacionário, como mudança de moeda, criação impostos (IOF) e redução de incentivos, aumento de tarifas públicas, dentre outras, que ficaram conhecidas por "Plano Collor". A medida de maior repercussão foi o empréstimo compulsório ao governo de todo valor mantido na poupança que excedesse os Cr$50.000,00. A medida ficou conhecida popularmente como confisco da poupança, apesar de não se ter caracterizado tecnicamente um confisco já que o dinheiro seria devolvido.
Em Brasília cerca de 60 mil pessoas fizeram manifestações contra o presidente Collor, enquanto o relatório era votado pelo Congresso. O relatório foi aprovado com 16 votos a favor e 5 votos contra. O pedido de impeachment começou a ser elaborado pela Câmara dos Deputados.

A Rede Globo estava passando a minissérie ‘Anos Rebeldes’, de Gilberto Braga, que falava sobre o papel dos estudantes contra a ditadura. Em nossa primeira passeata, a gente colou um cartaz que dizia "Anos Rebeldes, Próximo Capítulo".
— Lindberg Farias, então presidente da UNE.
18 de setembro
A proximidade da votação da abertura do processo de impeachment leva novamente milhares de jovens às ruas. Em São Paulo, cerca de 750 mil pessoas permaneceram até as 21 horas. O movimento social passava a dominar a situação e os rumos do país.
29 de setembro
A Câmara dos Deputados vota a favor do processo de impeachment. Foram 448 deputados a favor, 38 contra, 23 ausentes, 1 absteve-se. Nesse momento, já não havia apenas estudantes e jovens, mas sim milhões de pessoas. O comparecimento ao Vale do Anhangabaú não teve estimativa oficial. As pessoas pintavam o rosto de verde e amarelo e tinham a certeza da saída do presidente.

No dia 29 de dezembro de 1.992, o presidente do Brasil renunciou ao cargo para preservar os direitos políticos. Porém, o Congresso Nacional realizou o julgamento, mesmo após a renúncia, na inércia dos acontecimentos e evitando desgaste junto à sociedade mobilizada.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caras-pintadas


Fontes : além das já citadas







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